JOHAN CRUIJFF - CONSIDERADO O SEGUNDO MAIOR JOGADOR DE FUTEBOL DA HISTÓRIA

Muito boa essa biografia bastante detalhada:

Ficha:
Nome: Hendrik Johannes Cruyff
Nacionalidade: Holanda
Data de Nascimento: 1947-04-25 (62 anos)
Naturalidade: Amsterdam - Holanda
Posição: Atacante
Altura: 180 cm
Peso: 75 kg
Internacionalizações: 48
Web: http://www.cruijff.com/
Prêmios: Bola de Ouro France Football 1971 (1º), 1973 (1º), 1974 (1º), 1975 (3º)


Biografia:


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Hendrik Johannes "Johan" Cruijff (Amsterdã, 25 de Abril de 1947) é um técnico de futebol e ex-futebolista dos Países Baixos, apontado como o melhor futebolista neerlandês de todos os tempos .
Considerado um jogador revolucionário, tático, ofensivo, coletivo, vistoso e eficiente, inspirou muitos jogadores e treinadores a partir de suas extraordinárias atuações no Ajax e principalmente, na Seleção dos Países Baixos, durante a Copa do Mundo de 1974. As suas atuações no mundial foram suas únicas referências para grande parte das pessoas que o conhecem.
Se, atualmente, há no futebol jogadores polivalentes que podem atuar sem posição fixa no campo, sem prejuízo de suas atuações individuais, muito se deve a este genial craque e não menos a seu treinador no Ajax e na Seleção Neerlandesa, Rinus Michels. Mesmo mais de trinta anos passados da Copa do Mundo de 1974, os Países Baixos, Michels e Cruijff sintetizam a última revolução tática na história do futebol e serão para sempre lembrados como sinônimos do chamado futebol total.
Seu sobrenome é originalmente grafado, na língua neerlandesa, como "Cruijff", sendo mais popularmente escrito como "Cruyff" no exterior.

Habilidades

No final dos anos 60, já demonstrava suas ideias revolucionárias. Deixou a todos no Ajax loucos não só ao impor as suas noções de táticas, como também a tomar a iniciativa de negociar seus termos salarias. As ideias ousadas de Cruijff combinaram-se com a igualmente ousada ambição de um professor de ginásticas para crianças surdas, Rinus Michels, quando eles se encontraram em 1965 no Ajax, onde Michels chegara para ser técnico.Michels planejava transformar o clube, uma equipe semiprofissional que fazia jogos pelo leste de Amsterdã, em um time internacional de ponta - o que ele e Cruijff conseguiriam em seis anos.
Em campo, Cruijff ditava um jogo de toques rápidos em que os jogadores não possuíam posições fixas, trocando-as constantemente, com exceção óbvia ao goleiro - que nem por isso deixava de ter a sua contribuição no "sistema", cabendo a ele a função de iniciar os ataques. O chamado "futebol total" surgiu em volta de Cruijff, um jogador com fome de jogo, que ia atrás no campo para marcar o adversário e tirar-lhe a bola, com todas as condições para isso: tinha um fôlego privilegiado, era magro, sendo exímio no controle de velocidade; de fato, sua ficha em perfil dele publicado em edição especial da Placar sobre os cem melhores jogadores do século XX (dos quais ele foi eleito pela revista o terceiro) era bem sucera no campo "posição", onde estava escrito "todas, menos o gol".
Não hesitava também em orientar os companheiros. Era capaz de dar "piques nos piques", acelerando jogadas já bem aceleradas, deixando os adversários para trás. Capaz de giros em pequenos espaços, chutes longos certeiros, dribles fáceis, de ser bom cabeceador e artilheiro.
Sua personalidade quente e que não aceitava ordens, um possível resquício da perda do pai, faria Michels contratar dois terapeutas para atender o garoto. Dentro de campo, entretanto, a parceria seria um sucesso.


Ajax

Cruijff foi praticamente criado no Ajax: seu pai, Manus, dono de uma mercearia, fornecia frutas ao clube. Os vínculos continuaram por parte de mãe, que foi trabalhar como faixineira do clube após tornar-se viúva (quando o garoto Cruijff, que frequentava os vestiários já com quatro anos, possuía doze). Por ideia dela, o filho entrou nas categorias de base do Ajax; ela acreditava que assim ele poderia superar a deficiência que tinha nos pés, cuja má formação o obrigava a utilizar aparelhos ortopédicos: ironicamente, só assim ele, cuja uma das caracterísitcas futuras seria suas corridas fulminantes, conseguia caminhar. Sua sugestão provar-se-ia como divisora de águas não só do clube, mas do futebol nacional.
O garoto estreou em 1964, em derrota de 1 x 3. Com a chegada um ano depois de Michels, que aceitou o jogo ditado por Cruijff, os títulos viriam em série: o Ajax seria na primeira temporada com ambos trabalhando juntos campeão neerlandês, o que se repetiria consecutivamente outras duas vezes. Outros três títulos no campeonato nacional viriam em espaço de cinco anos. Cinco Copas dos Países Baixos também seriam levantadas no período.
Na Copa dos Campeões da UEFA, entretanto, o sucesso ainda não se repetia. Quando o arquirrival Feijenoord trouxe a mais importante taça europeia de clubes pela primeira vez para os Países Baixos, em 1970, Cruijff, Michels e o Ajax despertaram para o torneio. Logo na edição seguinte, o clube igualaria o rival, superando-o em seguida: foram três títulos consecutivos, nas edições de 1971, 1972 (ano em que o time ganhou todos os torneios importantes que disputou) e 1973, respectivamente contra o Panathinaikos (time então treinado pelo lendário Ferenc Puskás), Internazionale e Juventus. Pelos títulos de 1971 e 1973, seria premiado com a Bola de Ouro da France Football, sendo o primeiro neerlandês a recebê-la. Os dois últimos títulos europeus foram já sem Michels, que saíra para o Barcelona após a primeira conquista continental.
Cruijff então estava liderando sozinho um time de bairro que, dono de um estádio pequeno até para as segundas divisões da Itália ou Espanha e cujos jogadores não ganhavam mais do que um bom lojista, vinha reiventando o futebol. Após o título de 1973, entretanto, decidira sair do clube, vítima do próprio poder que ajudara a deixar nas mãos dos jogadores: seus colegas decidiram que o novo capitão do clube seria Piet Keizer. Cruijff iria então para onde estava Michels, o homem que o compreendera: o Barcelona.

Barcelona

Chegou ao Barça na negociação mais cara do futebol até então, por cinco milhões de florins, preço tão alto que o governo espanhol não aprovou a transferência. Só conseguiu ser levado porque foi registrado oficialmente como uma peça de máquina de agricultura. Cruijff justificou o alto investimento: marcou duas vezes na estreia e reconduziu o Barça a um título espanhol que não vinha havia 14 anos.
Eleito o melhor jogador do campeonato, receberia sua terceira Bola de Ouro pelo feito. A temporada fora em estado de graça também por ele ter conseguido, paralelamente, classificar a Seleção Neerlandesa à Copa do Mundo de 1974 - os Países Baixos não disputavam o torneio desde a sua primeira participação, na edição de 1938.
Se a primeira temporada foi mágica, as seguintes lhe seriam estressantes, apesar da companhia de seu ex-colega de Ajax e Seleção Johan Neeskens, trazido ao clube após o mundial de 1974: só voltaria a ganhar um troféu em 1978, quando levantou a Copa do Rei, para logo depois aposentar-se - sequer iria à Copa do Mundo de 1978 -, cansado da violência dos gramados espanhóis, onde chegou a ter uma perna quebrada. Ainda assim, sua imagem continuaria poderosa no clube e na região da Catalunha: em homenagem ao santo padroeiro local, batizaria seu filho de Jordi, a versão no idioma catalão para o nome Jorge. Jordi Cruijff só pôde ser registrado assim pois nascera nos Países Baixos, uma vez que na Espanha a ditadura de Francisco Franco, que proibia o uso de outra língua que não a castelhana, ainda vigorava.
Volta aos gramados
Fizera sua despedida em outubro de 1978, com a camisa do Ajax, em amistoso contra o clube que havia sido o sucessor imediato da equipe na hegemonia da Copa dos Campeões: o Bayern Munique, que conquistaria o troféu também três vezes seguidas após o último do Ajax. Os alemães venceriam por 8 x 0. Este acabaria, entretanto, sendo um final provisório: em virtude de investimentos desastrosos em criações de porcos, que o faria perder milhões, Cruijff se viu forçado a voltar a jogar.
Escolheu o futebol dos Estados Unidos, onde poderia viver tranquilo no anonimato. Passaria dois anos nos EUA, onde defendeu primeiramente o Los Angeles Aztecs (treinado por Michels) e depois o Washington Diplomats. Vestiria também a camisa do New York Cosmos em amistoso de exibição. Voltou a se apaixonar pelo esporte e retornou brevemente à Espanha, onde vestiu novamente um manto azul e grená, mas não o do Barcelona e sim o do pequeno Levante, de Valência. Logo retornaria aos Países Baixos e ao Ajax.
Enfrentou ceticismo não só por nunca ter sido uma unanimidade em casa (onde era acusado de "desbocado" e "dinheirista"), mas também pela idade de 34 anos e seu físico já alquebrado. A resposta veio em sua reestreia, em que passou por dois zagueiros e encobriu o goleiro do Haarlem. O público lotava os estádios para lhe ver, acreditando que estava perto da aposentadoria, e as câmeras de TV muitas vezes não conseguiam seguir suas jogadas fulminantes. Em suas duas temporadas no retorno ao Ajax, seria campeão neerlandês, convivendo com os jovens Marco van Basten e Frank Rijkaard. A primeira vez que Van Basten entrou em campo profissionalmente foi inclusive substituindo Cruijff na partida.
Considerado velho, Cruijff foi despedido do clube depois do segundo troféu por se recusarem a lhe pagar o que queria. Aos 36 anos, preparou sua vingança, firmando contrato com o rival Feyenoord. No time de Roterdã, jogando sua última temporada profissional, ele, convivendo agora com um jovem Ruud Gullit, ganharia pela terceira vez seguida a Eredivisie, quebrando um jejum de dez anos do novo clube - que venceria também a Copa dos Países Baixos.
Em 1991, sete anos após sua aposentadoria, um troféu que leva seu nome seria criado pela Real Associação de Futebol dos Países Baixos, sendo entregue ao vencedor da partida entre os campeões do campeonato e da Copa nacionais.

Seleção

Estreou pelos Países Baixos em 1966, aos dezenove anos, em jogo contra a ainda respeitada Hungria. Fez o gol de empate aos 48 minutos do segundo tempo. Cruijff transfomaria a Seleção Neerlandesa, então modesta, em uma potência mundial. Mas isso ainda demoraria a ocorrer: o país não se classificaria para as fases finais das Eurocopas de 1968 e 1972 e para a Copa do Mundo de 1970.
Com a base titular da Seleção formada pelos jogadores de Feyenoord (Wim Jansen, Wim van Hanegem e Wim Rijsbergen) e Ajax (Arie Haan, Ruud Krol, Johan Neeskens, Johnny Rep e Wim Suurbier), que no período entre 1970 e 1974 deixaram a taça da Copa dos Campeões da UEFA nos Países Baixos, o conjunto, ainda que desunido - os jogadores de um time não costumavam conversar com os do rival - finalmente obteve a classificação para a Copa do Mundo de 1974. Cruijff, já treinado por Rinus Michels no Barcelona, o seria também na Oranje no torneio. O treinador não hesitou em transportar para a Seleção o rodízio que funcionara bem no Ajax de ambos. O chamado "futebol total" do Ajax transfomar-se-ia para os olhos do mundo no "Carrossel Holandês" no mundial.
Cruijff era um jogador à parte no elenco laranja, o que se traduzia inclusive no uniforme: enquanto a numeração do restante do elenco foi escolhida conforme a ordem alfabética dos sobrenomes, fazendo o goleiro Jan Jongbloed jogar com o número 8, Cruijff pôde utilizar o seu número favorito, o 14. E, mais visivelmente, enquanto os demais jogadores exibiam as três listras laterais da Adidas (saída encontrada pela empresa para a sua divulgação, uma vez que logomarcas ainda eram proibidas de serem estampadas nas camisas), as roupas dele continham apenas duas, imposição de sua patrocinadora particular (uma então novidade), a rival Puma. O espírito um tanto "mercenário" não foi uma exclusividade sua na Copa, contagiando todo o elenco, que passava mais tempo discutindo termos, condições e prêmios do que debatendo sobre táticas. Mesmo um dos únicos que não reclamaram do já alto prêmio de 25 mil florins dado aos jogadores pela classificação à final, Neeskens, declararia que seu objetivo no mundial era melhorar a própria cotação "no mercado futebolístico internacional".
No mundial, a primeira fase não seria ainda arrebatadora: o país lideraria o grupo após vencer Uruguai (2 x 0) e Bulgária (4 x 1, uma vingança contra a seleção que havia tirado a vaga nos neerlandeses no mundial anterior) e empatado em 0 x 0 com a Suécia - em que ele passou a bola por trás de suas pernas após ameaçar cruzar, deixando o zagueiro sueco que tentara impedir o suposto cruzamento, Jan Olsson, chutar o ar.
O assombro viria na segunda fase, também disputada em grupos de quatro países, e não em mata-matas. Cruijff marcaria pela primeira vez, fazendo dois gols na primeira partida, contra a Argentina, que levou de 0 x 4. Os neerlandeses depois venceriam a Alemanha Oriental por 2 x 0, chegando à última rodada com a vantagem do empate contra o detentor do título, o Brasil (que tinha menor saldo de gols, tendo vencido os mesmos adversários por 2 x 1 e 1 x 0, respectivmante). Em uma verdadeira batalha campal, a "Laranja Mecânica" aniquilaria os campeões por 2 x 0, com Cruijff dando assistência para o primeiro gol, de Johan Neeskens, e marcando o segundo, e a Seleção Neerlandesa tornava-se a primeira a vencer em uma Copa as três potências sul-americanas.
A final seria contra os anfitriões, outros alemães, os da Alemanha Ocidental. Cruijff, à exceção do primeiro minuto, entretanto, jogaria apagado; mal dado o início da partida, correra com a bola até ser derrubado por Uli Hoeneß na entrada da área alemã, cavando pênalti inexistente que seria convertido por Neeskens. No restante do jogo, porém, deixaria-se anular facilmente por Berti Vogts e os alemães conseguiriam virar a partida e ficar com a taça. A explicação para a sua atuação aquém do esperado estava na noite bastante mal-dormida: Cruijff, que prezava a família segura que perdera aos doze anos, passara a véspera da partida procurando convencer sua esposa, Danny, de que era falsa a notícia divulgada pelo jornal alemão Bild de que ele teria feito festa no hotel regada a champagne e garotas de programa.
O ocorrido também lhe motivaria a não ir ao mundial seguinte, na Argentina, onde poderia ter sido crucial em uma campanha que, sem ele, também ficaria no vice-campeonato - a versão mais divulgada, entretanto, é que teria recusado a ir à Copa em protesto à ditadura argentina. Cruijff disputou pelos Países Baixos também a Eurocopa 1976, com o elenco ficando com a terceira colocação na fase final.

Como técnico

Na nova função, obteve sucesso. Dois anos após parar de jogar, pelo Feyenoord, voltou ao Ajax para comandar seu ex-clube à beira do gramado. Ficaria por duas temporadas, mas não conquistaria o campeonato neerlandês no período, em que o clube hegemônico no país foi o PSV Eindhoven. Tentou reintroduzir o estilo do "futebol total", mas só confundiu os jogadores, já desabituados com o sistema. Não escondia que priorizava desenvolver novamente o futebol do clube, desde as divisões de base, a ganhar logo títulos. Ainda assim, comandou Van Basten e Rijkaard na conquista da Recopa Europeia de 1987, faturando também as Copas nacionais do mesmo ano e do anterior.
No ano seguinte, os Países Baixos finalmente conquistariam um torneio, a Eurocopa 1988, sob o comando de Rinus Michels, o método conjunto de ambos e jogadores que haviam jogado com Cruijff, dentre eles o trio Gullit-Van Basten-Rijkaard. Talvez por isso tenha sido contratado em 1988 por seu outro ex-clube, o Barcelona. Planejou nos blaugranas o mesmo trabalho desde as divisões de base que fizera no Ajax. Sua maior crise no período em que ficaria no Barça não seria resultados dos gramados e sim um infarto que quase o matou, em 1991, muito provavelmente consequência dos cigarros que inveteradamente fumava; o ataque o obrigou a implantar pontes de safena.
No Barcelona, ficaria oito anos, quebrando o recorde de permanência no cargo. Os frutos no Espanhol vieram a partir da terceira temporada. Decadente no torneio nos anos 80, em que o conquistara apenas uma vez (em 1985), com Cruijff o Barça levaria a liga quatro vezes seguidas, a partir de 1991. Antes disso, a equipe já havia levado a Copa do Rei de 1990 e, no ano anterior, a Recopa Europeia. Em 1992, o clube seria pela primeira vez campeão da Copa dos Campeões da UEFA, batendo na final a Sampdoria, o mesmo adversário vencido três anos antes na Recopa. O único gol foi marcado por um compatriota trazido por ele, Ronald Koeman.
Dois anos depois, o clube teve a oportunidade do bi contra outros italianos, os do Milan, que levara a melhor na Supercopa Europeia de 1989. Favorito, o time de Cruijff acabaria goleado por 0 x 4. O Barcelona não voltaria mais a ganhar títulos por um tempo e ele acabaria saindo em 1996, não voltando mais a treinar equipes, não sem antes afastar do clube Romário e Hristo Stoichkov, cujas personalidades também fortes foram de encontro com a dele. Por outro lado, não deixou de usar seu filho Jordi no elenco - não por acaso, o Jordi Cruijff deixaria o clube em 1996 rumo ao Manchester United, após a saída do pai.
Em meio ao seu período de glórias como técnico do Barcelona, Cruijff chegou a ser chamado para treinar os Países Baixos na Copa do Mundo de 1994, mas achou a oferta pouco atrativa e recusou. Após deixar a função, passou a trabalhar com sucesso como comentarista. Seu legado é mais forte no Barcelona do que na terra de origem, o que inclui seu poder nos bastidores: o clube contratou Frank Rijkaard em 2003 por indicação dele.

Legado

Países Baixos
No futebol dos Países Baixos, há o antes e o depois de Cruijff. Graças à geração simbolizada por ele, a Seleção Neerlandesa tornou-se uma das mais respeitadas do mundo. Atualmente, entretanto, não é nas ideias dele que o jogo da Oranje se baseia. Arthur van den Boogard, cronista esportivo do país, chamou isso de "pós-Cruijff". O revolucionário, que já não era uma unanimidade, teve sua imagem sendo abalada conforme seus pensamentos não vinham mais se adequando à realidade do futebol atual, como a falta de necessidade de alas.
Sua obsessão pelo bem-estar do futebol nacional renderia até declarações de repúdio à então ministra da imigração do país, Rita Verdonk. Conhecida por sua política restrita na concessão da cidadania neerlandesa, a ministra não a concedeu a Salomon Kalou. Às vésperas da Copa do Mundo de 2006, O jogador vinha recusando as convocações de seu país natal, a Costa do Marfim - classificada para o mundial e que contava com seu irmão, Bonaventure - pois desejava atuar pelos Países Baixos, mas para isso necessitava de um processo acelerado para poder naturalizar-se. Apesar dos apelos do técnico Marco van Basten, que via nele uma boa alternativa a Arjen Robben e Robin van Persie, a ministra declinou, Kalou ficou de fora da Copa e posteriormente decidiu aceitar a Seleção Marfinense. Cruijff culparia Verdonk quando os neerlandeses foram eliminados: "Não quero dizer que a toda a culpa pela eliminação deve ficar sobre seus ombros, mas ela tem parte da culpa, definitivamente; quero dizer que um ministro está a serviço do interesse do país, e está claro que ela (Verdonk) não fez isso"
Sua reputação ainda piorou após uma breve passagem na direção do Ajax, em fevereiro de 2008, em que apareceu proclamando-se o salvador do time, gerando uma onda de comoção. Toda a direção do clube renunciaria no dia seguinte, deixando o Ajax nas mãos do ex-craque. Com a ideia de novamente reorganizar o clube desde as categorias de base do time, pediu a demissão de todos os responsáveis pela queda de prestígio delas. Ao fazer isso, acabou desentendendo-se com o pupilo Marco van Basten, chamado por ele para ser o técnico do elenco principal. Cruijff então concluiu, dezessete dias após sua manifestação, que não tinha mais nada a fazer no clube.[6]
A preocupação dele em relação aos rumos das categorias inferiores tinha fundamento: o clube havia parado de revelar talentos na quantidade e qualidade que havia no início da década de 90, quando colheu os frutos da organização profunda feita por Cruijff nelas; boa parte do time que conquistou a Liga dos Campeões da UEFA de 1995 (o quarto e último título do clube no torneio, que ganhou o novo nome em 1993) era formado por jovens que estavam nas divisões de base que ele tanto priorizou quando técnico. Quem sobrevivia às loucuras de Cruijff - ele, por exemplo, chegou a usar atacantes natos como Dennis Bergkamp na zaga para fazê-los aprender como o adversário pensa - parecia destinado a ter destaque futuro. Do time campeão europeu naquele ano, haviam sido formados no clube no período dele na comissão técnica Michael Reiziger, os irmãos Frank e Ronald de Boer, Clarence Seedorf, Edgar Davids e Patrick Kluivert. Outra joia da casa era Frank Rijkaard, de volta do Milan, para onde fora em 1988 por não aguentar os pensamentos do técnico.
Barcelona
Se o Ajax deixara os projetos iniciados por Cruijff de lado, no Barcelona, onde ele procurou realizar a mesma obra, foi diferente: atualmente, a academia barcelonista conta com doze equipes, cada uma com até 24 jogadores. A maioria dos técnicos são licenciados pela UEFA para dirigir as categorias inferiores do Barça, consideradas as maiores produtoras de jogadores de alto nível, chegando a levar até 15 anos para formar um atleta. "Talvez o maior legado de Cruijff seja a metodologia que ele trouxe para o clube", disse José Ramón Alexanko, membro do chamado Dream Team campeão europeu sob o comando dele em 1992 De acordo com Alexanko, o Barcelona continua a procurar jogadores "pela excelência técnica, força mental, ritmo e rapidez de raciocínio em campo. A maioria dos jogadores que cabe nessa categoria já está jogando como atacante e nós depois os transformamos em zagueiros, geralmente quando eles têm 16 anos (...). Um jogador também deve amar o distintivo do clube, as cores da camiseta.".
Josep Guardiola, um dos garotos levados diretamente por ele ao time principal e também integrante do mesmo elenco campeão, sintetizou tal metodologia:
"os jogadores têm de pensar rápido e jogar com inteligência, sempre sabendo qual será o próximo passe (...). É assim que aprendemos a jogar e que o público espera que joguemos: de forma atraente, mas sem perder a eficiência (...). Cruijff (...) nos ensinou a jogar movimentando a bola rapidamente. Ele só usava jogadores de grande técnica. Quando procuramos por jogadores, ainda queremos essas qualidades".
Dentre outros levados diretamente por Cruijff (que inauguraria também a boa relação do clube com futebolistas e técnicos neerlandeses) ao time principal, os mais famosos são Albert Ferrer, Carles Busquets, Thomas Christiansen e Sergi Barjuan, além de seu filho Jordi Cruijff. Com o progresso das canteiras do clube iniciado por ele, o Barcelona lançaria após a sua saída também Carles Puyol, Pepe Reina, Thiago Motta, Albert Luque, Xavi Hernández, Andrés Iniesta, Víctor Valdés, Oleguer Presas, Lionel Messi, Cesc Fàbregas, Gerard López, Mikel Arteta, Luis García, Giovani dos Santos, Bojan Krkić, Gerard Piqué, Fran Mérida e Sergi Busquets, dentre outros.

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